Com 400 anos de história, a capital do Pará dissemina no mundo o sabor e a cultura da região amazônica

Terra das Mangueiras, Terra Morena, Belém do Pará, assim é conhecida a capital paraense que, além de ter completado 400 anos recentemente, desde dezembro último passou a ser conhecida também como Cidade Criativa, título internacional outorgado pela UNESCO, no quesito Gastronomia.

O fato é que a cosmopolita Belém não só carrega em suas edificações a influência da arquitetura europeia, como a miscigenação das culturas indígena, portuguesa e africana, que deu origem a uma das gastronomias
mais autênticas do Brasil. Pois, foi a fim de promover a cultura gastronômica da região que a prefeitura de Belém, com
o apoio do governo do Estado do Pará; da Confederação Nacional do Turismo e da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes- Abrasel lançou então a candidatura da cidade, para concorrer ao prêmio. Assim, a Gastronomia com os sabores e temperos da Amazônia, que agrada aos paladares mais exigentes, obteve o reconhecimento da Unesco. Com a láurea, a cidade paraense agora faz parte das 116 cidades do mundo que se desenvolvem de maneira sustentável e socialmente justa.

Universidade Metodista

A notícia do título foi recebida com orgulho por moradores, gestores e instituições que somam na gastronomia belenense. “Belém pode ficar muito honrada e muito agradecida, mas gostaria de dizer que a escolha da nossa cidade como uma das mais criativas, nessa questão da Gastronomia, pela Unesco, não é favor nenhum. Na verdade, eles é que estavam perdendo, pois, por aqui, nós sempre comemos muito bem e há muito tempo”, ressalta o secretário de Cultura, Paulo Roberto Chaves Fernandes.

O complexo Feliz Lusitânia

Em comemoração aos 400 anos da fundação de Belém foi lançado o projeto do Centro Global de Gastronomia e Biodiversidade da Amazônia, no Complexo Feliz Lusitânia, localizado na margem da Baia do Guajará. A proposta é reunir, em um único espaço, um centro de pesquisa e ensino sobre a biodiversidade e gastronomia, por meio da escola de gastronomia, laboratório de alimentos, barco-cozinha, museu e restaurante. O projeto será construído em dois anos. O conceito-base é oferecer comida contemporânea com ideias inovadoras, sem esquecer-se das tradições que perduram
por mais de trezentos anos.

complexo felix

A ideia da criação surgiu de organizações da sociedade civil que, em conjunto, apresentaram à Prefeitura de Belém e ao Governo do Pará, a proposta da criação do complexo Feliz Lusitânia. Tais organizações
foram lideradas pelo Instituto Paulo Martins – entidade que promove e divulga a gastronomia paraense e amazônica e que
organiza anualmente o Festival Ver-o-Peso da Cozinha Paraense; o Instituto Ata – presidido pelo chef Alex Atala, principal instituição brasileira que trabalha a relação homem-alimento, e o Centro de Empreendedorismo da Amazônia, fundado em 2015 com o objetivo de estimular negócios sustentáveis e inovação na região.

A apresentação do projeto aconteceu durante a realização da Expo Milão, na Itália, ocorrido em outubro de 2015, que teve como tema “Alimentando o mundo com soluções”, ocasião em que o Brasil apresentou para mais de 150 países presentes a cultura gastronômica amazônica por meio de ideias sustentáveis, tecnológicas e inovadoras. No evento, estrangeiros se renderam aos sabores dos pratos típicos de Belém, com destaque para o Tacacá, tradicional
iguaria amazônica. Também foram apresentadas frutas, ervas e bebidas nativas, além de chocolates.

Mantendo a mesma proposta de misturar sabor e cultura, a cidade de Belém receberá chefes de vários países no encontro “Diálogos Gastronômicos”, que será realizado em agosto deste ano.