Ônibus híbridos e conceito de cidades conectadas são prerrogativas para transporte coletivo de qualidade, apontam especialistas durante evento.

“Alguma coisa precisa mudar”. Esse é o pensamento que muitas vezes paira na mente de quem enfrenta dia a dia os problemas do trânsito nas grandes metrópoles, assim como o superlotado sistema de transporte público de muitas regiões do País. Para debater esse assunto, especialistas em mobilidade urbana que estiveram reunidos em dezembro de 2015 no 2° Fórum Movecidades, que busca analisar como os centros urbanos podem e devem implementar soluções de tecnologia e de gestão para otimizar os deslocamentos no transporte público.

O exemplo de Juiz de Fora, cidade do interior de Minas Gerais, foi apresentado como case a ser analisado durante o evento. O secretário Municipal de Transportes e Trânsito de Juiz de Fora, Rodrigo Mata Tortoriello, pontuou os avanços da cidade em relação ao transporte coletivo de ônibus. “Ainda não somos uma cidade inteligente, mas vamos chegar lá. Atualmente, temos o JF no Ponto, um sistema de GPS e GPRS instalado nos ônibus, que nos permite identificar quais estão atrasados e redistribuirmos para adequação do horário. O usuário do transporte consegue, por meio de um aplicativo, identificar o horário do próximo ônibus e quais linhas virão na sequência”, explicou.

Universidade Metodista

Segundo o representante, após a instalação do sistema, a Prefeitura conseguiu reprogramar 80% das linhas e viagens, com o objetivo de otimizar o trânsito e não perder mais viagens durante o dia. “Com informações precisas, adequadas e em tempo real, conseguimos inclusive informar ao motorista quais vias estão interditadas naquele momento e fazer uma correção de rota”, destacou.

Novos conceitos

O 2º Fórum Movecidades é um encontro nacional de mobilidade urbana, que abre espaço para a discussão de alternativas financeiras, estratégias de modicidade tarifária, soluções de otimização e modernização da mobilidade urbana. Para oferecer ao usuário um transporte coletivo de qualidade será necessária a quebra de paradigmas nas prefeituras brasileiras. Conectividade será essencial para a otimização da operação. Durante o Fórum, algumas empresas privadas, como a parceria entre a montadora Volvo e a Ericsson, apresentaram como ferramenta de tecnologia de informação, o serviço do monitoramento de tráfego urbano.

Segundo a Gerente de Smart Cities da Ericsson, Thaís Mattoso, o conceito de cidades inteligentes transforma a indústria e habilita o futuro para ser construído de maneira mais planejada. “Quando falamos de Smart Cities e mobilidade urbana temos três premissas básicas: oferecer mais segurança, ter um transporte mais eficiente e sustentável, reduzir a emissão de gases tóxicos”, disse.

Thaís compartilhou dados sobre uma pesquisaencomendada pela Ericsson para detectar quais incentivos faltam para o usuário de transporte individual migrar para o coletivo. “Identificamos que o usuário quer saber quanto tempo levará a viagem ao seu destino e a que horas ele deve chegar ao ponto; deseja ter uma rede de conectividade melhor para que o aplicativo mostre o horário sem problemas de recepção de sinal. Ter ganho de produtividade nas cidades para que todas as áreas tenham linhas compatíveis com o fluxo de pessoas e uma melhor alternativa de pagamento, ou seja, migrar para o pagamento por meio do celular”.

Sobre a solução da Volvo e da Ericsson, o gerente de Mobilidade da Volvo, Ayrton Ferreirado Amaral Filho, acrescentou. “Com o armazenamento de dados sobre o trânsito em tempo real e o rastreio dos carros, podemos, por exemplo, informar o motorista quando ele está próximo de um hospital ou parque, para que ele utilize apenas o motor elétrico naquela área”, concluiu.

“Quando falamos de Smart Cities e mobilidade urbana temos três premissasbásicas: oferecer mais segurança; ter um transporte mais eficiente e sustentável; reduzir a emissão de gases tóxicos”

Durante o encontro, o diretor de Mobilidade Urbana da Digicon, Helgio Trindade Filho, detalhou aspectos do software de controle desenvolvido pela empresa, que permite o controle de tráfego inteligente para diminuir o fluxo em áreas de saturação. “Com o ganho de fluxo, temos menos emissão de gases poluentes, diminuímos em 12% o consumo de combustível, diminuímos os atrasos em 20% e reduzimos em 40% o tempo parado no trânsito. Por isso, acredito ser tão importante termosespaços para a discussão do futuro da mobilidade, como o Movecidades, pois podemos pensar melhor no futuro que vamos deixar para nossos filhos e netos”, encerra.