Ação que incentiva a leitura ganha proporções mundiais em 2016

A história comprova que nenhuma nação conseguiu se erguer, ou reerguer-se, sem educação; porém, é de conhecimento público a defasagem que o Brasil tem com relação a essa temática. Pior é o fato de dados alarmantes comprovarem essa afirmação: 73% da população do País nunca adentrou uma biblioteca; 38% dos universitários brasileiros têm dificuldade em usar a leitura e a escrita no seu cotidiano, e 47% dos alunos que concluem o ensino fundamental não põem ambas em prática. Usando de esforço conjunto para que sejamos um País de leitores conscientes da importância dessa prática, para nosso desenvolvimento nacional e pessoal, é que a Secretaria de Cultura e Turismo de Barueri – Região Metropolitana de São Paulo – criou o projeto Dia do Ler. Todo Dia!, realizando em abril último uma ação municipal que mobilizou 93.120 pessoas, 34,5% de sua população – 270 mil habitantes. “Quando idealizamos o projeto nossa meta era atingir 45 mil pessoas e ficamos surpresos com essa adesão”, conta João Palma, secretário de Turismo e Cultura da cidade.

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Universidade Metodista

A maratona inspirada no Dia do Desafio – ação realizada pelo SESC que propõe 15 minutos de atividades físicas diariamente – teve duração de 12 horas, com a proposta de que a população lesse algum texto, sem tempo ou conteúdo determinado. “Podiam ler desde uma bula de remédio, manual, até um trecho da Bíblia”, conta o secretário. O surpreendente resultado dessa ação foi fruto de uma parceria estabelecida entre a prefeitura, entidades públicas e sociedade civil (escolas municipais e particulares, empresas e ONGs – organizações não Governamentais, para serem parceiras nesse processo. “Disponibilizamos um número de whatsapp para que as pessoas nos enviassem fotos e vídeos do que estavam lendo”, conta Palma, sobre uma das ferramentas utilizadas para contabilizar o resultado. Segundo ele, trata-se de um projeto que não requer nenhum tipo de recurso financeiro, e depende exclusivamente da capacidade de mobilização da cidade em questão. Animada com o retorno da ação municipal, a prefeitura propôs uma mobilização nacional, realizada em outubro último. Foram enviadas cartas e -emails para 2500 municípios brasileiros, convidando-os a participar da maratona por meio da inscrição feita no blog do projeto, www.diadelertododia.com Deste total, 427 cidades se inscreveram e 292 enviaram dados comprovando o retorno e adesão da população, perfazendo um total de 1.392.000 pessoas envolvidas. “Lençóis Paulista – SP, por exemplo, instituiu por meio de decreto a data de primeiro de outubro como o Dia de Ler no município. Em Ilhéus –BA, pessoas foram ler em frente frente a casa do escritor Jorge Amado”, relata Palma. “Mirando a utopia de tornar Barueri uma cidade de leitores, nossa Secretaria pensou: por que não nos tornamos um Estado e um País de leitores? Esperamos que outros municípios perpetuem essa ação e façam do Dia de Ler, todo dia em sua cidade”, explica o secretário.

Um dos resultados desse projeto, em Barueri, foi a criação da Casa do Ler, espaço situado na Biblioteca Municipal Eny Cordeiro, que cedeu espaço ao Centro de Formação de Leitores. “Barueri tem 11 bibliotecas com baixa frequência,e nos ressentimos com essa falta de público”, relata Palma. “Pretendemos mudar essa realidade e transformar Barueri em uma cidade de leitores”, conclui. Empenhado na adesão do maior número de pessoas ao projeto, o município dá inicio à mesma campanha, agora em nível mundial, a ser realizada entre maio e junho deste ano. “Queremos envolver todas as bibliotecas espalhadas pelo mundo. Para tanto vamos iniciar os contatos com as bibliotecas, logo após e carnaval”.

Coala

Palma diz que a preocupação em contribuir para o desenvolvimento do País, principalmente por meio da Educação, não é algo recente neste município, que há 12 anos criou o projeto Coala, programa pioneiro de leitura para gestantes que atende mulheres grávidas nas UBSs – Unidades Básicas de Saúde do município, realizado por meio de uma parceria entre as Secretarias de Saúde e Cultura. “Os agentes leem e estimulam a leitura das mulheres grávidas e, consequentemente, os bebês”, explica. De acordo com o secretário, existem três possibilidades de uma pessoa se tornar um leitor assíduo: a primeira é nascer em um lar onde os pais consumam muita leitura; ir para uma escola onde esta prática seja um hábito prazeroso, ou desenvolver o gosto pela leitura até os dez anos de idade.

• Marianna Fanti