O Brasil ficou de fora da primeira leva de vacinas entregues pela Covax, a aliança mundial criada para garantir uma distribuição de doses aos países em desenvolvimento. Nesta semana, a entidade anunciou que o fornecimento no continente americano começou pela Colômbia, com o imunizante da Pfizer/BioNTech.

Nos próximos dias, as mesmas vacinas chegarão ao Peru, El Salvador e Bolívia. As doses da Pfizer/BioNTech serão entregues para um total de 18 países das Américas. Mas o Brasil não faz parte desse bloco e, pelo menos por enquanto, não existe data para a chegada dos produtos no país. A aliança garante que as doses chegarão ainda em março.

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Um dos argumentos usados para justificar o fornecimento a esses países de forma prioritária é a ausência de contratos bilaterais desses governos com empresas farmacêuticas, principalmente os mais pobres.

Mas fontes em Brasília indicaram que o país ainda precisa completar “procedimentos burocráticos” para permitir a compra das doses. Foi apenas nesta segunda-feira que o presidente Jair Bolsonaro considerou a medida provisória que autoriza o Brasil a fazer parte da Covax. A MP tramitou pelo Senado e Câmara, onde foi alvo de alterações.

Mas fontes em Brasília indicaram que o país ainda precisa completar “procedimentos burocráticos” para permitir a compra das doses. Foi apenas nesta segunda-feira que o presidente Jair Bolsonaro considerou a medida provisória que autoriza o Brasil a fazer parte da Covax. A MP tramitou pelo Senado e Câmara, onde foi alvo de alterações.

Ao Brasil, a Covax destinará vacinas da AstraZeneca e a entidade garante que, “nas próximas semanas”, todos os 36 países da região receberão os produtos.

O volume destinado ao Brasil, porém, será bem inferior ao que o governo anunciou, em fevereiro. Naquele momento, o Ministério da Saúde indicou que receberia entre 10 milhões e 14 milhões de doses. Mas os números eram apenas previsões iniciais. Na sexta-feira, a aliança de vacinas confirmou à coluna que destinará no primeiro semestre do ano apenas 9,1 milhões de doses.

2,9 milhões irão ainda em março. Mas a data ainda não está estabelecida. Para o segundo semestre, o país receberá o restante das 42 milhões de doses que solicitou.

No caso da Colômbia, 117 mil doses da Pfizer/BioNTech já começarão a ser administradas nesta semana. Até o final do ano, o país espera receber 20 milhões de doses da Covax.

Com 50 milhões de casos conformados e 1,2 milhão de mortes, os países das Américas precisarão imunizar 700 milhões para controlar a pandemia.


Por, Jamil Chade

Jamil Chade é correspondente na Europa há duas décadas e tem seu escritório na sede da ONU em Genebra. Com passagens por mais de 70 países, o jornalista paulistano também faz parte de uma rede de especialistas no combate à corrupção da entidade Transparência Internacional, foi presidente da Associação da Imprensa Estrangeira na Suíça e contribui regularmente com veículos internacionais como BBC, CNN, CCTV, Al Jazeera, France24, La Sexta e outros. Vivendo na Suíça desde o ano 2000, Chade é autor de cinco livros, dois dos quais foram finalistas do Prêmio Jabuti. Entre os prêmios recebidos, o jornalista foi eleito duas vezes como o melhor correspondente brasileiro no exterior pela entidade Comunique-se.

Fonte: UOL