Escolas quebram paradigma do ensino convencional e apostam em ideias inovadoras

Apesar de o sistema educacional do Brasil ainda ocupar lugar baixo no ranking mundial, o Programa Inovação e Criatividade na Educação Básica, lançado em dezembro de 2015, pelo Ministério da Educação- MEC revelou que tem muita novidade acontecendo nos quatros cantos do País. São educadores que buscam novas ideias fora da sala de aula. A proposta visa a identificar ações inovadoras nas escolas públicas, privadas e organizações educativas, apostando na autonomia dos professores e estimulando a criatividade. Que a lousa, o livro e caderno, sejam meros elementos nas escolas. Desta forma, o MEC abriu uma chamada pública para as cinco regiões do País, que resultou em 682 inscrições. Dentre estas, 178 instituições vêm mostrando que é possível ensinar de um jeito leve e menos exaustivo.

A maior parte do trabalho ocorre nas escolas. As públicas saíram na frente, com 52,8%, enquanto as escolas particulares representam 47,5% das aprovadas. Da cidade à zona rural, e também nas escolas indígenas, notou-se ampla capacidade de inovação. A avaliação, realizada por uma cúpula de educadores, analisou os três pilares da Educação Básica – Ensino Infantil, Ensino Médio e no Ensino Fundamental -, em cinco aspectos: gestão, currículo, ambiente, métodos e intersetorialidade. Os conceitos que se destacam são: sustentabilidade, autonomia do aluno, estímulo ao poder de decisão, além da inclusão social e cidadania. Há escolas que abrem seus portões de domingo a sexta-feira, proporcionando aos alunos e familiares, um prazeroso local de convívio social.

Universidade Metodista

Bom exemplo de inovação e criatividade vem da Escola Kulika, em Monsenhor , sertão do Ceará, voltada à defesa dos direitos indígenas e à educação. A escola, bilíngue em tupi e português, atende hoje 916 estudantes do ensino infantil, fundamental e ensino médio. Respaldada na legislação indígena, a formação emprega a cultura e artes indígenas, meio ambiente e a língua tupi. O trabalho com as pesquisas de plantas  medicinais apresenta resultados inovadores; o reflorestamento e a terra demarcada para os indígenas também são temas de estudos.

Outro modelo de escola indígena está na Bahia, especificamente no município de Itacaré. A Escola Tribo Inkiri, pertencente à comunidade  Piracanga, traz a autonomia como diferencial. Lá, os alunos podem escolher qual atividade desejam realizar no dia. As opções são as salas das histórias, salas dos estudos, sala das artes, marcenaria, sala de música e fantasia e sala dos bebês. Possuem ainda atividades programáticas, como circos e projetos esportivos.

Na região Sul há um projeto tão inovador, que foi destaque internacional. É o caso da Escola Básica Municipal Visconde de Taunay, que recebeu certificação de escola criativa pela RIEC-Rede Internacional de Escolas Criativas, ligada à Universidade de Barcelona, na Espanha, pelo trabalho desenvolvido com alunos do pré-escolar ao 9º ano do fundamental. O ensino é pautado na ecoformação, que significa a participação dos alunos na revitalização e sustentabilidade da escola e do planeta e na transdisciplinaridade, que busca novos conhecimentos entre, através e além disciplinas. Os 42mil m² são bem utilizados pelos educadores nos bosque, lago e trilha na mata, elementos que favorecem as tividades transversais. Desde 2011, alunos, professores e familiares têm criado e mantido espaços ecologicamente corretos, como a Horta Mandala, o Parque de Pneus, a evitalização do pátio de britas, com plantio de árvores frutíferas e as espirais de ervas. Os resíduos orgânicos são compostados e utilizados para jardins e hortas. Segundo a diretora da Escola, Denise Mass Vieira, o conhecimento e responsabilidade adquiridos têm ultrapassado os muros da escola. “Depois que as crianças aprenderam a lidar com a terra e com lixo, as práticas foram estendidas para suas casas; muitas cultivam hortas e composteiras”,afirma ela.

A criatividade resultou ainda na casamática – casinha feita com garrafas pet – , que é um espaço de leitura. Caixas de leite deram origem ao isolamento térmico de uma sala de aula e, o lado laminado da caixa, é utilizado como lousa. Na escola Visconde de Taunay, todo espaço é especial; as salas de aula convencionais são sombreadas por árvores de maracujá, que formam cortinas naturais e uma vista agradável. A diretora ressalta a importância do investimento, na qualificação dos professores. “O planejamento pedagógico anual é realizado fora da escola; escolhemos sempre um local que traz a conotação da sustentabilidade e responsabilidade social. Além de servir de inspiração, é o tempo que dialogamos sobre a metodologia e buscamos o novo,” frisa Denise.

Estas são apenas umas das muitas ações introduzidas no sistema educacional do Brasil. No site do Ministério da Educação está disponível o Mapa de inovação e Criatividade na Educação Básica, com a lista completa das instituições certificadas. O MEC ainda não divulgou a próxima edição do programa. http://simec.mec.gov.br/educriativa/mapa_questionario.php