Município do interior de São Paulo se antecipa a projeto em trâmite no Senado e oferece espaço integrador aos moradores

Muitas vezes exemplos de projetos públicos de sucesso em grandes cidades acabam surgindo de pequenas experiências, em regiões menores. Um bom exemplo é a Estação Literária “Professora Maria de Lourdes Évora Camargo”, localizada na cidade de Guararema, interior de São Paulo. A iniciativa simboliza uma ação integradora que pode servir de inspiração para outras metrópoles do País. Um dos principais equipamentos de Educação e Cultura de Guararema, o espaço é um dos poucos existentes em cidades de pequeno porte que possuem seção destinada para deficientes visuais. Em dezembro, o Senado aprovou o projeto (PLS 138/2014), que determina que todas as bibliotecas públicas nas cidades com mais de 50 mil habitantes deverão garantir atendimento especializado e reservar espaços exclusivos às pessoas com deficiência visual.

Mesmo não se enquadrando no projeto, que futuramente poderá virar lei caso seja aprovado na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, Guararema, com pouco mais de 28 mil habitantes, já possui esse espaço no interior da biblioteca pública da cidade desde a inauguração do prédio, em setembro de 2012.

Universidade Metodista

Inclusão Social

A diretora responsável pela Estação, Luciana Rodrigues, afirma que o empreendimento foi estruturado com atenção especial à infinita possibilidade de convivência, pois o espaço físico propõe total mobilidade e acessibilidade. “Assim, como promotor da diversidade, foi idealizado para acolher todos os públicos. Idade, origem, nacionalidade, condição física ou intelectual não são barreiras. Neste contexto, recebemos o cadeirante, pois o espaço tem rampa acessível, elevador e há espaço adequado para circulação. A pessoa obesa encontra assentos especiais no auditório. A pessoa com deficiência visual encontra equipamentos que permitem sua socialização na comunidade e a utilização vai além, pois os idosos também têm condições de se apropriar do equipamento, uma vez que ao longo dos anos tendem a sofrer com a baixa qualidade da visão”, destaca.

No espaço são disponibilizados, tanto para os deficientes visuais que são totalmente cegos, quanto às pessoas que possuem visão reduzida, equipamentos de tecnologia assistiva, utilizados para auxiliar deficientes visuais no processo de leitura. No total são cinco equipamentos, sendo dois computadores com teclados para baixa visão que possuem dois softwares diferentes: o Windows Eyes, voltado para pessoas totalmente cegas, que permite que o usuário navegue normalmente com orientação sonora sobre todos os movimentos e leitura de tela e o ZoomText, para pessoas com baixa visão, que permite a ampliação da fonte para o nível desejado, assim como o controle de luminosidade e contraste.

Outro equipamento de assistência às pessoas cegas e que podem ser usados também por analfabetos é o Poet. Trata-se de um leitor autônomo que funciona como um scanner, permitindo que o usuário faça a leitura de qualquer material textual, transformando-o em áudio ou Braille. Já as duas unidades existentes da lupa eletrônica Smartview permitem aos usuários de visão reduzida ampliar a visualização de acordo com sua necessidade, e também ajuste de cores, luminosidade e contraste.

conta ainda com um acervo com aproximadamente 80 exemplares de livros em Braille e 110 exemplares de livros falados, que são gravações dos conteúdos dos livros, lido em voz alta. No último dia 13 de dezembro foi lembrado o Dia do Deficiente Visual. De acordo com o Censo 2010 feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, cerca de 5% da população brasileira se declaravam deficientes visuais. Esse número representa cerca de seis milhões e meio de pessoas. Desses, entre 500 e 600 mil são cegos totais.


• Robson Gisoldi