EVENTO REUNIU EM SANTO ANDRÉ, REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO, CONTOU COM A PARTICIPAÇÃO DE MAIS DE 30 MUNICÍPIOS, QUE TROCARAM BOAS PRÁTICAS DE GESTÃO PÚBLICA

> O Encontro Nacional de Cidades Educadoras, realizado nos dias 3 e 4 de novembro, no Teatro Municipal de Santo André, na Região Metropolitana de São Paulo, reuniu cerca de 800 pessoas, de mais de 30 cidades brasileiras, que discutiram a educação além dos muros da escola.

O evento integra a programação da Rede Nacional de Cidades Educadoras, composta por 15 municípios coordenados por Santo André, e possibilitou a troca de informações sobre ações que contribuem para a construção de cidades mais humanas e com mais qualidade de vida para a população.

Universidade Metodista

De acordo com o secretário de Educação de Santo André, Gilmar Silvério, a ideia de reunir os 15 municípios associados e mais outras cidades interessadas em compartilhar experiências surgiu da necessidade de criar um espaço para intercâmbio entre as gestões públicas. “O encontro permite que as administrações falem de políticas púbicas exitosas em diversas áreas, disseminando boas práticas entre si, com a sociedade civil e com o terceiro setor”, afirma.

Foram apresentadas 30 experiências e outros 40 banners com detalhamentos de iniciativas que deram certo em diferentes segmentos, com destaque para mobilidade urbana, inclusão social, meio ambiente, geração de renda e direitos humanos, voltados à importância de se educar em todos os ambientes sociais e não apenas através das instituições formais de ensino.

A organização nacional faz parte da Rede Internacional de Cidades Educadoras (AICE), que reúne 478 municípios de 36 países.

Na avaliação da diretora da Rede Cidades Educadoras da América Latina, Laura Affonso, o encontro nacional prepara as cidades para o Congresso Internacional de Cidades Educadoras, que será realizado entre os dias 2 e 4 de junho de 2016, em Rosário, na Argentina. “Os municípios experimentaram aqui diversas formas de abordagem para as suas vivências e podem se preparar para o congresso internacional, que agrega um número muito maior de cidades, e que também nos oferece uma grande diversidade de experimentos”, explica.

Laura reforça que o conceito de Cidade Educadora é um compromisso político que o município assume, com o intuito de pensar e planejar ações para a promoção de uma cidade sem exclusão, com uma plataforma de cidadania plena de participação, com equilíbrio, e que assiste com atenção ao direito de todos. “Para tanto, é preciso trazer propostas culturais, de integração, práticas esportivas, infraestrutura e mobilidade”.

O município trouxe à pauta a formação de conselheiros mirins, compostos por alunos da rede pública municipal, por meio do Plano Plurianual Participativo (PPA) e do Orçamento Participativo (OP Criança). “Por intermédio do PPA e do OP Criança, inserimos os alunos da rede pública de ensino na discussão e planejamento da cidade. Demos voz e voto às crianças em suas unidades escolares e as demandas geradas foram incorporadas pelo prefeito (Carlos Grana) à peça orçamentária”, detalha Silvério.

O secretário salienta a importância de outras cidades se associarem ao projeto. “A nossa luta é pelo fortalecimento da Associação Internacional de Cidades Educadoras (AICE), com o objetivo comum de transformar as boas políticas e tornar as cidades, de fato, espaços educativos. Cada praça, rua, hospital, centro de lazer e de convivência são espaços privilegiados para a disseminação de conhecimento à população. E, por meio da educação, alimentamos o sonho de uma cidade com menos desigualdade, com mais justiça social, implicando diretamente na redução nas desigualdades de gênero e na violência contra as mulheres e crianças”.

Laura avalia que as cidades brasileiras têm grande potencial e reúnem muitas vivências a serem partilhadas. “Basta olhar para a bagagem cultural de Paulo Freire. O Brasil tem muito a ensinar a outras cidades do mundo e há muito o que se absorver de outras culturas também. É uma troca rica e incontestável”, assegura a diretora da AICE.

Modelos e ações

As propostas culturais, serviços à população e de infraestrutura oferecidos pelas cidades contribuem para a inclusão e o desenvolvimento de seus moradores. De olho em modelos que possam ser replicados em seu município, a secretária de Educação de Carapicuíba, Aparecida da Graça Carlos, compareceu ao encontro e participou dos debates e painéis.

“Embora ainda não sejamos associados da rede de Cidades Educadoras, Carapicuíba trouxe a experiência do atendimento psicopedagógico nas unidades escolares. Desde 2009, o psicopedagogo está dentro das unidades escolares e faz o acolhimento de crianças e das famílias, sobretudo em casos em que há dificuldade de socialização ou de aprendizagem”, aponta.

Aparecida destaca, também, o trabalho de ampliação de áreas de convivências, a abertura das escolas aos finais de semana e a parceria entre Saúde e Educação, que leva pediatras a visitarem as unidades escolares a cada 15 dias, como ações que melhoraram a qualidade de vida dos munícipes e estão em linha com a filosofia das Cidades Educadoras.

Já Itapetininga, interior de São Paulo, que figura entre os 15 municípios pertencentes à rede de Cidades Educadoras, trouxe cerca de 70 alunos, com idades entre 6 e 12 anos, para apresentações culturais.

As crianças fazem parte do Programa Itapetininga Mais Educação (PIME), que atende cinco Centros de Educação Complementar (CECs), com assistência para aproximadamente 400 crianças.

“Os espaços funcionam no contraturno das escolas em período regular e oferecem oficinas sobre ética, cidadania, matemática, letramento, dança, capoeira e artes, com abordagem lúdica, para que seja sempre uma experiência agradável, significativa e contextualizada”, afirma uma das coordenadoras do projeto, Adriana Albuquerque Fim.

Aline Franciele Ramos Parrilha, mãe de Isabelle Parrilha, de 7 anos, contou que a filha teve uma melhora significativa na aprendizagem, depois de frequentar as oficinas diariamente. “A convivência social melhorou muito. Ela se soltou mais, deixou de lado a timidez e desenvolveu um olhar diferenciado sobre tudo que a cerca. Hoje ela veio aqui para se apresentar e essa experiência a deixou encantada e nos deixa muito orgulhosos também. Ela diz que agora quer ser atriz”, relatou comovida.

Mais informações:
http://www.cidadeseducadorasbrasil.net.br

Fernanda Bertoncini